KIM E PUTIN EM UM BROMANCE

A recente visita do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, à Coreia do Norte, bem como seu encontro com Kim Jong-un, marcou um momento importante na relação entre os dois países. Após uma reunião de duas horas em Pyongyang, as autoridades assinaram um acordo de “assistência mútua em caso de agressão”. Esse novo tratado tem grandes implicações para a política internacional e está causando preocupação no Ocidente.

O documento, chamado de “Acordo Integral de Parceria Estratégica”, foi comemorado com entusiasmo por ambos os líderes. Kim Jong-un se referiu à Rússia como um “amigo e aliado mais honesto” e disse que o tratado levará a um “novo nível de aliança”. Putin, por sua vez, afirmou que o acordo é “defensivo e pacífico”.

Especialistas estão tentando entender como este acordo afeta a guerra na Ucrânia e outras áreas de tensão no mundo. A colaboração militar pode fornecer à Rússia mais armas para sua campanha na Ucrânia, enquanto a Coreia do Norte pode buscar apoio financeiro e militar para seus próprios projetos. Para Paul Adams, correspondente de diplomacia da BBC, ainda é difícil saber o impacto prático deste acordo, mas a aproximação entre os dois países já preocupa o Ocidente.

Vladimir Putin e Kim Jong-Un assinam acordo estratégico. Foto: Kristina Kormilitsyna/Pool/AFP via Getty Images.

Tá, mas o que pode acontecer? Devemos nos preocupar?

Vamos com calma. Não dá para saber o que esperar de uma aliança vindo de dois países conhecidos por serem imprevisíveis, ou seja, há grande preocupação. Para países como os Estados Unidos e seus aliados europeus, a parceria significa um aumento no fornecimento de armas para a guerra na Ucrânia, prolongando ainda mais o conflito. Além disso, a possibilidade de cooperação militar e financeira entre os dois países aumenta o risco de proliferação nuclear. Esta assistência mútua também desafia diretamente as sanções internacionais e o isolamento imposto à Coreia do Norte.

No Oriente, a preocupação é igualmente significativa. A Coreia do Sul, em particular, teme que a aliança fortaleça a capacidade militar da Coreia do Norte, aumentando o conflito entre as duas Coreias, conflito esse que está cada vez mais tenso desde a guerra de balões. O ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Cho Tae-yul, declarou ser lamentável que a Rússia, um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, esteja fornecendo assistência militar à Coreia do Norte, visto que isso viola as resoluções do Conselho. Além disso, o Japão e outros países da região podem sentir a necessidade de aumentar seus próprios gastos militares em resposta a essa nova parceria. 

Uma das maiores preocupações é com a China que, embora oficialmente neutra, aparenta desaprovar a nova amizade entre a Rússia e a Coreia do Norte, talvez por ser um parceiro crucial para os dois países (para a Rússia, sendo um parceiro comercial vital, comprando petróleo e gás e oferecendo apoio político, e para a Coreia do Norte, representando 80% do comércio exterior e fornece a maioria do petróleo consumido). No entanto, apesar da amizade entre Putin e Kim Jong Un, ambos sabem que precisam manter boas relações com os chineses, sendo essencial para sua sobrevivência econômica e política. O que podemos perceber é que os dois países estão se unindo cada vez mais, podendo acarretar problemas futuros, mas respeitando seu limite comum: a China.

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