QUANDO A TERRA ARDE

“O mundo implorando por mudança… E o ser humano teima.” – Brasil de Quem? Parte 3, Mc Sid.

Fumaça dos incêndios deixa o sol vermelho – Isaac Fontana.

749 municípios entraram em estado de emergência devido aos incêndios.

A fumaça das queimadas no país chegou até a África pelo oceano.

Estados de diferentes regiões do país ficaram cobertos por fumaça.

Vegetação nativa foi destruída pelo fogo.

A terra arde.

Com o aumento exorbitante das queimadas, 2024 entrou para a história como o ano com mais alertas de queimadas em 7 anos. Mas é essa a história que queremos?

Ao comparar os meses de agosto de 2023 e 2024, houve um aumento de 149% nas queimadas. Isso corresponde a quase metade da área queimada só no ano de 2024.

A Amazônia, que deveria ser um pulmão verde, é consumida por chamas muitas vezes originadas no desmatamento ilegal e na queima de pastagens. Não é um fogo natural. É resultado da ação humana.

Após o país ficar sob fumaça, o ar ficar em péssima condição e os Estados enfrentarem calor excessivo, o presidente Lula assinou uma medida provisória de crédito extraordinário. R$514 milhões serão distribuídos para o combate aos incêndios. Além disso, o Ministério da Justiça também receberá recursos para investigar os incêndios.

Embora o governo tenha começado a agir, a estratégia parece ser apenas uma reação paliativa a um problema estrutural maior: a falta de prioridade na proteção ambiental e a crescente pressão de interesses econômicos sobre as áreas preservadas.

Incêndio florestal se aproxima de fazenda – Bruno Kelly.

Falta de prioridade.

Durante a análise orçamentária para 2024, os deputados e senadores reduziram a verba para prevenção e combate ao incêndio de R$144,1 milhões para R$106,7 milhões. O ICMBio e o Ibama precisaram se unir para solicitar mais recursos. Em 2021, as verbas para pesquisa e projetos sobre mudanças climáticas foram cortadas em cerca de 93%. Também nesse mesmo ano, o Ministério do Meio Ambiente recebeu a menor proposta orçamentária em 21 anos. Segundo o Observatório do Clima, o Ibama usou menos da metade de seus recursos para fiscalização de crimes ambientais em 2022.

E devido a essas e outras diminuições de verba ou o não uso delas, o meio ambiente está sempre em segundo plano, sacrificado em nome de interesses imediatistas e econômicos.

O mercado.

Quando se busca lucro, frequentemente o meio ambiente cai para segundo ou terceiro plano, isso quando é levado em consideração.

Para o agronegócio, o fogo é muito usado como ferramenta de limpeza de pastagens e ampliação de áreas de cultivo, ao custo de destruir florestas, matar animais e dizimar a biodiversidade quando perde o controle.

A lógica capitalista de maximização de ganhos a curto prazo tem um custo alto, e quem paga esse preço é o meio ambiente. A destruição das florestas para expansão agrícola e exploração de recursos naturais pode parecer uma solução rápida para aumentar a produção e o lucro, mas é uma visão míope. Os recursos naturais não são infinitos, e os impactos ambientais – como a perda de biodiversidade, a degradação do solo e a mudança climática – têm consequências profundas e duradouras.

Em outras palavras, os danos são permanentes.

Rio Madeira seco devido a seca excessiva – Isaac Fontana.

A história apenas se repete.

Não é a primeira vez e nem será a última que isso acontece. O Brasil entra em chamas, a natureza e a sociedade sofrem, o governo – depois de muita pressão – tenta fazer o seu trabalho, os donos do capital não ficam felizes, os culpados nunca são punidos, e tudo começa de novo. Um ciclo sem fim. Porém, o planeta tem seus limites, e até onde é são eles? Ou talvez esse limite já tenha sido cruzado e a única coisa que podemos fazer é sentar e assistir a história acontecer. 

Afinal, quem são os verdadeiros culpados? A população, o governo, ou o mercado? 

Alto índice de fumaça devido aos incêndios – Andre Borges.

Uma reflexão.

Qual é o custo de continuar ignorando a urgência ambiental? Ao seguir uma lógica imediatista, voltada ao lucro e à expansão de fronteiras agrícolas, o Brasil está destruindo seu próprio futuro. As florestas queimadas não se regeneram na velocidade com que são destruídas, e os danos à biodiversidade, ao solo e ao clima são incalculáveis. Mais do que nunca, o país precisa decidir: estamos construindo um futuro sustentável ou cavando nossa própria ruína?

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